A relação entre hormônios e emagrecimento é um dos maiores desafios que encontro diariamente em meu consultório ao tratar mulheres na menopausa.
Segundo pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, cerca de 70% das mulheres ganham peso durante esta fase.
Esta realidade é resultado de profundas alterações metabólicas e hormonais que ocorrem neste período, exigindo abordagens específicas e personalizadas para quem deseja manter ou recuperar o peso saudável.
O meu papel enquanto nutricionista é auxiliar minhas pacientes a passar por esse período da maneira mais suave possível, especialmente aquelas com dificuldade para perder peso!
O que acontece com os hormônios na menopausa
A menopausa ocorre, em média, aos 48 anos nas mulheres brasileiras, conforme estudo publicado na revista científica Climateric.
Este marco representa o fim do período reprodutivo feminino e é caracterizado pela queda significativa na produção de hormônios fundamentais como estrogênio e progesterona.
Com base em minha experiência clínica, observo que muitas pacientes desconhecem como estas alterações afetam diretamente seu metabolismo.
A diminuição dos hormônios tireoidianos, por exemplo, pode reduzir a taxa metabólica basal em até 25-30%, tornando o corpo menos eficiente na queima de calorias mesmo em repouso.
O estrogênio, além de suas funções reprodutivas, participa ativamente na regulação da taxa metabólica e no metabolismo da insulina, fazendo com que as mulheres se sintam mais cansadas, desanimadas, percam músculos e ganhem peso.
Como os desequilíbrios hormonais afetam o peso
De acordo com endocrinologistas, durante a menopausa, a queda nos níveis de estrogênio, progesterona e testosterona afeta diretamente o metabolismo. Este desequilíbrio provoca alterações significativas na distribuição da gordura corporal.
Antes da menopausa, o estrogênio favorece o acúmulo de gordura nas coxas e quadris. Quando seus níveis caem, a tendência é o aumento da gordura abdominal, especialmente a visceral, que é metabolicamente mais ativa e oferece maiores riscos à saúde cardiovascular.
Um estudo brasileiro sobre o índice de massa corporal (IMC) em mulheres na menopausa demonstrou que o risco de sobrepeso nesta fase é 66% maior, mesmo quando ajustado para fatores como idade, atividade física e tabagismo.
Outro dado preocupante vem de pesquisa que identificou prevalência de sobrepeso e obesidade em 69,4% das mulheres na pós-menopausa.
Hormônios e emagrecimento: estratégias para equilibrar
Como nutricionista especializada em saúde da mulher, desenvolvi ao longo dos anos protocolos específicos que consideram as particularidades hormonais da menopausa. A primeira ação que recomendo é a avaliação hormonal completa.
O primeiro passo é dosar os hormônios, por meio de exames de sangue, para saber quais estão desequilibrados. A partir deste diagnóstico, é possível desenvolver estratégias individualizadas.
Em minhas consultas como nutricionista digital, frequentemente observo que muitas mulheres tentam seguir dietas restritivas que funcionaram em fases anteriores da vida, mas que na menopausa mostram-se ineficazes. Isso ocorre porque o panorama hormonal mudou completamente.
Alimentação adequada na menopausa
A alimentação tem papel fundamental quando falamos de hormônios e emagrecimento na menopausa. Recomendo às minhas pacientes uma dieta rica em:
- Proteínas magras: essenciais para preservação da massa muscular, que tende a diminuir nesta fase.
- Fibras: que auxiliam no controle da saciedade e regulação da glicose.
- Alimentos ricos em cálcio: importantes para prevenir a osteoporose, outro efeito da queda hormonal.
- Gorduras saudáveis: como as encontradas no azeite e abacate, que auxiliam na produção hormonal.
Também oriento a redução de alimentos processados e ricos em açúcar, que podem agravar a resistência à insulina, condição comum na menopausa e que dificulta o emagrecimento.
Atividade física: sua aliada contra os quilos extras
O exercício físico regular é fundamental para contrabalançar os efeitos metabólicos da queda hormonal.
Estudos mostram que exercícios de resistência e treinamento de força são bem eficazes para aumentar a massa muscular e melhorar a taxa metabólica basal.
Na minha prática clínica, oriento minhas pacientes a combinarem atividades aeróbicas com exercícios de força, pelo menos 3 a 5 vezes por semana.
Esta combinação ajuda a preservar o tecido muscular e estimula a queima de gordura, especialmente a abdominal.
O papel da terapia de reposição hormonal
Contrariando um mito comum, a terapia de reposição hormonal (TRH) não engorda. Na verdade, quando bem indicada, pode ser uma aliada no processo de emagrecimento.
Estudos publicados no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism revelaram que mulheres na menopausa que passaram por TRH apresentaram melhor controle do peso e distribuição de gordura corporal comparadas àquelas que não receberam o tratamento.
A TRH pode melhorar a sensibilidade à insulina, reduzir a gordura abdominal e preservar a massa muscular.
No entanto, é importante ressaltar que isoladamente ela não promove emagrecimento significativo – deve estar associada à reeducação alimentar e exercícios físicos.
Como nutricionista, sempre trabalho em parceria com ginecologistas e endocrinologistas para oferecer uma abordagem completa que integre a terapia hormonal (quando indicada) com estratégias nutricionais personalizadas.
Conclusão
A relação entre hormônios e emagrecimento na menopausa é complexa e exige uma abordagem multidisciplinar. Como sempre digo às minhas pacientes em atendimentos presenciais e online, não existe uma solução única que funcione para todas as mulheres.
O ganho de peso nesta fase não é inevitável. Com o acompanhamento nutricional adequado, atividade física regular e, quando necessário, reposição hormonal supervisionada, é possível não apenas controlar o peso, mas também melhorar significativamente a qualidade de vida durante e após a menopausa.
Se você está enfrentando dificuldades para emagrecer nesta fase, considere buscar o apoio de uma nutricionista especializada em saúde da mulher.
Como nutricionista online, posso afirmar que mesmo o acompanhamento remoto tem se mostrado eficaz quando personalizado às necessidades hormonais e metabólicas específicas desta fase da vida.
Com o conhecimento correto e suporte profissional adequado, a menopausa pode ser vivida com saúde, disposição e bem-estar!