Emagrecer sem perder massa muscular é um objetivo comum entre a maioria dos meus pacientes que buscam não apenas a redução de peso, mas também a manutenção da saúde, força e boa composição corporal.

    A perda de massa magra durante o emagrecimento pode comprometer o metabolismo, a funcionalidade e a estética, tornando essencial adotar estratégias que priorizem a preservação muscular.

    Com base em evidências científicas e na minha prática enquanto nutricionista, preparei esse guia com recomendações para alcançar esse equilíbrio, ressaltando a importância do acompanhamento nutricional.

    Por que preservar a massa muscular durante o emagrecimento?

    A massa muscular desempenha papel fundamental no metabolismo basal, ou seja, na quantidade de energia que o corpo gasta em repouso.

    Quanto maior a massa magra, maior o gasto calórico diário, o que facilita a manutenção do peso e a prevenção do efeito sanfona.

    Vale destacar que músculos fortes são essenciais para a realização das atividades diárias, melhora da postura, prevenção de lesões e manutenção da saúde óssea.

    Estudos indicam que a perda de peso sem cuidados específicos pode resultar em até 25 % da redução proveniente da massa muscular, o que é indesejável.

    A preservação da massa magra durante o emagrecimento contribui para melhores resultados estéticos e funcionais, além de favorecer a saúde metabólica.

    Como emagrecer sem perder massa muscular: princípios fundamentais

    Selecionei abaixo os princípios que adoto com meus pacientes, seja no atendimento presencial ou na consulta nutricional online:

    1. Déficit calórico controlado e alimentação equilibrada

    Para promover a perda de gordura, é necessário um déficit calórico, isto é, consumir menos calorias do que o corpo gasta, todavia, déficits muito agressivos podem levar à degradação muscular para obtenção de energia.

    Recomenda-se um déficit moderado, geralmente entre 300 e 500 kcal por dia, que possibilita a perda gradual de gordura e a preservação da massa muscular.

    A alimentação deve ser balanceada, contemplando todos os grupos alimentares, com atenção especial para a qualidade dos alimentos e a distribuição dos macronutrientes.

    2. Ingestão adequada de proteínas

    A proteína é o nutriente chave para a manutenção e síntese da massa muscular.

    Revisões sistemáticas sugerem uma ingestão diária entre 1,6 e 2,2 g de proteína por quilograma de peso corporal para indivíduos ativos que desejam emagrecer sem perder massa muscular.

    A minha orientação é incluir em todas as refeições fontes proteicas de alta qualidade, como carnes magras, peixes, ovos, laticínios, leguminosas e proteínas vegetais, para otimizar a síntese proteica muscular.

    3. Treinamento resistido

    O estímulo mecânico proporcionado pelo treinamento resistido (musculação, exercícios com peso corporal, elásticos) é indispensável para sinalizar ao organismo que a manutenção da massa muscular é necessária, mesmo em déficit calórico.

    A prática regular de exercícios de força contribui para a hipertrofia ou preservação muscular, melhora da composição corporal e aumento do metabolismo.

    O ideal é adotar um programa de treino com foco em exercícios compostos, realizados de 3 a 5 vezes por semana, com carga e volume adequados à capacidade individual.

    4. Exercícios aeróbicos com moderação

    Mesmo que os exercícios aeróbicos sejam importantes para a saúde cardiovascular e para aumentar o gasto calórico, seu excesso pode prejudicar a massa muscular, especialmente quando associados a déficits calóricos elevados.

    Protocolos de treino intervalado de alta intensidade (HIIT) têm se mostrado eficazes para a queima de gordura com menor impacto na massa magra.

    A recomendação é realizar sessões de aeróbicos de 2 a 3 vezes por semana, com duração de 20 a 40 minutos, priorizando modalidades que respeitem a recuperação muscular.

    5. Carboidratos e gorduras saudáveis

    Carboidratos são a principal fonte de energia para o treino e para o metabolismo muscular, onde a ingestão adequada de carboidratos complexos (grãos integrais, tubérculos, frutas) evita que o organismo utilize proteínas musculares como fonte energética.

    As gorduras, principalmente as insaturadas presentes em azeite de oliva, abacate e oleaginosas, são essenciais para a produção hormonal, assim como os hormônios anabólicos que auxiliam na manutenção da massa muscular.

    6. Hidratação e recuperação

    A hidratação adequada é fundamental para o desempenho e a recuperação muscular, pois a água participa de processos metabólicos e da contração muscular.

    Sempre reforço com meus pacientes que o sono de qualidade, com duração entre 7 e 9 horas por noite, é igualmente importante, pois durante o sono ocorre a liberação de hormônios que promovem a recuperação e o crescimento muscular.

    7. Suplementação orientada

    Suplementos como whey protein, creatina e BCAAs podem ser utilizados para otimizar a ingestão proteica e melhorar a recuperação muscular.

    Ainda assim, a indicação deve ser feita por um profissional de nutrição, que pode acompanhar o paciente remotamente, garantindo segurança e eficácia.

    Dados e evidências científicas

    De acordo com um estudo publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition (2017), indivíduos que combinam dieta hipocalórica com treinamento resistido e ingestão adequada de proteínas conseguem preservar a massa muscular e reduzir significativamente a gordura corporal.

    No Brasil, pesquisas recentes indicam que a orientação nutricional personalizada, inclusive via plataformas digitais, tem aumentado a adesão dos pacientes e melhorado os resultados no emagrecimento saudável.

    Outro ponto importante é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a importância da atividade física regular e da alimentação equilibrada como pilares para a prevenção da sarcopenia (perda muscular relacionada à idade) e manutenção da saúde metabólica.

    Conclusão

    Emagrecer sem perder massa muscular exige uma abordagem multidisciplinar e individualizada, que envolve, entre outros, o controle do déficit calórico de forma moderada e a ingestão adequada de proteínas e nutrientes.

    A personalização do plano alimentar e do programa de exercícios é fundamental para garantir resultados duradouros e a manutenção da saúde.

    Por isso, buscar orientação nutricional especializada é o primeiro passo para emagrecer com qualidade e segurança.

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    Juliana Borges, formada pela Universidade Católica de Goiás, é nutricionista e ex-atleta bicampeã Brasileira de musculação na categoria Wells. Atualmente, atua nas áreas de nutrição esportiva e nutrição em estética.