A questão sobre “pré-diabetes e emagrecimento” tem ganhado destaque nas consultas de quem busca prevenir doenças crônicas e melhorar a qualidade de vida.

    O pré-diabetes é uma condição clínica caracterizada por níveis de glicose no sangue acima do normal, mas ainda não suficientes para o diagnóstico de diabetes tipo 2.

    Segundo o Atlas da International Diabetes Federation (IDF), cerca de 18 milhões de brasileiros convivem com o pré-diabetes, enquanto a estimativa mundial aponta para mais de 350 milhões de pessoas nessa condição.

    O mais alarmante é que, sem intervenção, aproximadamente 50% desses indivíduos evoluirão para o diabetes em até cinco anos.

    Na minha experiência como nutricionista, percebo que muitos pacientes chegam ao consultório sem sintomas evidentes, descobrindo o pré-diabetes apenas em exames de rotina.

    A boa notícia é que, com o controle do peso e mudanças no estilo de vida, é possível reverter o quadro e evitar complicações futuras.

    Compreendendo o pré-diabetes: diagnóstico, prevalência e fatores de risco

    O diagnóstico do pré-diabetes é realizado por meio de exames laboratoriais, como a glicemia de jejum (100 a 125 mg/dL), o teste oral de tolerância à glicose (TOTG) e a hemoglobina glicada (HbA1c entre 5,7% e 6,4%).

    No Brasil, estudos apontam que a prevalência de pré-diabetes varia de 6,8% a 16,9% da população adulta, dependendo do critério utilizado, o que representa milhões de pessoas em risco.

    Infelizmente, cerca de 42% dos brasileiros desconhecem o que é o pré-diabetes, e metade dos casos de diabetes são diagnosticados tardiamente, sem que o paciente tenha tido a oportunidade de intervir precocemente.

    Fatores de risco

    Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do pré-diabetes incluem:

    • Excesso de peso.
    • Obesidade abdominal.
    • Sedentarismo.
    • Histórico familiar de diabetes tipo 2.
    • Hipertensão arterial.
    • Dislipidemia.
    • Síndrome dos ovários policísticos.
    • Idade acima de 45 anos.

    Na minha prática, observo que muitos pacientes subestimam o impacto do ganho de peso e dos maus hábitos alimentares, acreditando que o consumo isolado de doces é o principal vilão.

    No entanto, a literatura científica é clara ao demonstrar que o conjunto de fatores metabólicos e comportamentais é o que determina o risco real de progressão para o diabetes.

    Pré-diabetes e emagrecimento: por que o controle do peso é fundamental

    O emagrecimento é, sem dúvida, a estratégia mais eficaz para o controle do pré-diabetes e a prevenção do diabetes tipo 2.

    Estudos internacionais robustos, como o Diabetes Prevention Program (DPP) nos Estados Unidos e o Finnish Diabetes Prevention Study (DPS) na Finlândia, demonstraram que a perda de 5% a 7% do peso corporal, associada à adoção de uma alimentação saudável e à prática regular de atividade física, pode reduzir em até 58% o risco de evolução para o diabetes.

    No contexto brasileiro, a realidade não é diferente. O excesso de peso é um dos principais motores do aumento dos casos de pré-diabetes e diabetes tipo 2.

    Dados do Vigitel 2023 apontam que mais de 10% da população brasileira vive com diabetes, sendo que muitos desses casos poderiam ter sido evitados com intervenções precoces focadas no emagrecimento e na reeducação alimentar.

    Em minha atuação como nutricionista online, percebo que a abordagem individualizada, que respeita a cultura alimentar, as preferências e as rotinas dos pacientes, é essencial para o sucesso do emagrecimento sustentável.

    Estratégias nutricionais para o emagrecimento no pré-diabetes

    O papel da alimentação equilibrada

    A alimentação é o principal instrumento de intervenção no pré-diabetes, onde a literatura científica aponta que dietas ricas em fibras, com baixo a médio índice glicêmico, são as mais indicadas para controlar a glicemia e promover a saciedade.

    Frutas com casca e bagaço, legumes, verduras, cereais integrais e leguminosas devem ser a base da alimentação.

    Proteínas magras, como frango, peixe, ovos e tofu, além de gorduras saudáveis presentes no azeite de oliva, nozes e abacate, complementam o cardápio ideal para quem busca emagrecer e estabilizar os níveis de glicose no sangue.

    Em minha experiência com pacientes, posso afirmar que a inclusão de alimentos integrais e a redução do consumo de açúcares simples e grãos refinados são passos fundamentais.

    A orientação nutricional personalizada, realizada por um nutricionista, permite adaptar o plano alimentar à rotina do paciente, considerando fatores como horários de trabalho, preferências alimentares e até mesmo restrições orçamentárias.

    O acompanhamento contínuo, com ajustes frequentes, aumenta a adesão e os resultados a longo prazo.

    Dieta mediterrânea e outras abordagens

    Entre os padrões alimentares estudados, a dieta mediterrânea tem se destacado como uma das mais eficazes para o controle do pré-diabetes.

    Estudos realizados na Espanha e na Itália demonstraram que a alta adesão à dieta mediterrânea reduz em até 37% o risco de progressão do pré-diabetes para o diabetes tipo 2.

    Essa dieta prioriza o consumo de vegetais, frutas, azeite de oliva, peixes, leguminosas e grãos integrais, além de limitar o consumo de carnes vermelhas, açúcares e alimentos ultraprocessados.

    Outro padrão alimentar que tem mostrado benefícios é a dieta cetogênica, caracterizada pela alta ingestão de gorduras e baixo consumo de carboidratos.

    No entanto, estudos comparativos indicam que, apesar de promover maior redução dos triglicerídeos, a dieta cetogênica pode elevar o colesterol LDL, enquanto a dieta mediterrânea oferece um perfil cardiometabólico mais seguro e sustentável a longo prazo.

    Por isso, em minha prática, costumo priorizar abordagens equilibradas, evitando restrições extremas que podem comprometer a adesão e a saúde do paciente.

    O impacto das pequenas mudanças

    É importante destacar que mudanças modestas já trazem benefícios significativos. A perda de 5% do peso corporal pode ser suficiente para normalizar a glicemia em muitos pacientes com pré-diabetes.

    Estratégias como fracionar as refeições, priorizar alimentos in natura, evitar o consumo de bebidas açucaradas e ultraprocessados, além de praticar atividade física regularmente, são fundamentais para o sucesso do tratamento.

    Como nutricionista, sempre incentivo meus pacientes a estabelecerem metas realistas e celebrarem cada conquista. O suporte contínuo, seja presencial ou online, faz toda a diferença na motivação e na superação dos desafios do processo de emagrecimento.

    Atividade física: aliada indispensável no controle do pré-diabetes

    A prática regular de atividade física é outro pilar fundamental no controle do pré-diabetes. Estudos mostram que a combinação de alimentação saudável e exercícios potencializa a perda de peso, melhora a sensibilidade à insulina e reduz o risco de evolução para o diabetes tipo 2.

    Recomenda-se, no mínimo, 150 minutos semanais de atividade aeróbica de intensidade moderada, como caminhadas, ciclismo ou natação, além de exercícios de fortalecimento muscular duas vezes por semana.

    Na minha rotina de atendimento, percebo que muitos pacientes encontram barreiras para iniciar a prática de exercícios, seja por falta de tempo, motivação ou limitações físicas. Por isso, a orientação personalizada, com adaptações às possibilidades de cada indivíduo, é essencial.

    Pequenas mudanças, como optar por escadas ao invés de elevadores, caminhar durante o horário de almoço ou realizar alongamentos ao longo do dia, já contribuem para a melhora do metabolismo e do controle glicêmico.

    Além dos benefícios metabólicos, a atividade física regular está associada à melhora do humor, do sono e da autoestima, fatores que impactam positivamente a adesão ao tratamento e a qualidade de vida do paciente com pré-diabetes.

    O papel do acompanhamento profissional: nutricionista e equipe multidisciplinar

    O sucesso no controle do pré-diabetes depende, em grande parte, do acompanhamento profissional qualificado.

    O nutricionista digital surge como um aliado estratégico, oferecendo orientação personalizada, flexibilidade de horários e suporte contínuo, independentemente da localização do paciente.

    A consulta online permite a análise detalhada dos objetivos, coleta de dados antropométricos, elaboração de planos alimentares individualizados e acompanhamento próximo, com ajustes frequentes conforme a evolução do paciente.

    Além do nutricionista, a atuação de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, educadores físicos e psicólogos, potencializa os resultados e oferece um cuidado integral ao paciente.

    A integração entre os profissionais permite identificar e tratar fatores de risco, promover a educação em saúde e garantir o suporte necessário para a adoção de hábitos saudáveis.

    Dados, estatísticas e estudos: o impacto do pré-diabetes na saúde pública

    O impacto do pré-diabetes vai além da saúde individual, refletindo-se em custos significativos para o sistema de saúde e na qualidade de vida da população.

    No Brasil, estima-se que o número de pessoas com diabetes aumente para 23,2 milhões até 2045, caso não sejam implementadas medidas eficazes de prevenção e controle.

    O tratamento das complicações do diabetes, como doenças cardiovasculares, insuficiência renal e amputações, representa um dos maiores custos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

    Estudos internacionais, como o Diabetes Prevention Program (DPP) e o Finnish Diabetes Prevention Study (DPS), demonstraram que a intervenção precoce, focada no emagrecimento e na mudança de estilo de vida, é altamente custo-efetiva, reduzindo não apenas a incidência de diabetes, mas também os gastos com internações e tratamentos de complicações.

    No Brasil, a inclusão do nutricionista nas equipes de saúde da família é uma das estratégias defendidas por especialistas para ampliar o acesso à orientação alimentar e promover a prevenção do diabetes tipo 2.

    A educação em saúde, o rastreamento precoce e o acompanhamento contínuo são medidas essenciais para reverter o cenário atual e garantir uma população mais saudável.

    Conclusão

    Quando se trata de pré-diabetes e emagrecimento, saiba que é possível com informação, acompanhamento profissional e mudanças graduais no estilo de vida.

    A prevenção do diabetes tipo 2 passa, necessariamente, pelo diagnóstico precoce, pela conscientização dos riscos e pela adoção de uma alimentação equilibrada e da prática regular de atividade física.

    O papel do profissional de Nutrição é fundamental nesse processo, oferecendo orientação personalizada, suporte contínuo e motivação para que o paciente alcance seus objetivos e mantenha a saúde a longo prazo.

    Ao investir em mudanças sustentáveis, cada indivíduo com pré-diabetes tem a oportunidade de reescrever sua história, evitando complicações graves e conquistando uma vida mais saudável e plena.

    O momento de agir é agora: procure um nutricionista, faça seus exames regularmente e dê o primeiro passo rumo ao controle do peso e à prevenção do diabetes!

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    Juliana Borges, formada pela Universidade Católica de Goiás, é nutricionista e ex-atleta bicampeã Brasileira de musculação na categoria Wells. Atualmente, atua nas áreas de nutrição esportiva e nutrição em estética.